quinta-feira, 26 de maio de 2016

Educativo?

No texto Holocausto Tecnológico comentei brevemente sobre o caráter dos programas educativos, cheguei a comentar sobre as coisas que aprendi com a série The Walking Dead. Neste artigo falarei um pouco mais sobre o que chamamos de EDUCATIVO.

Caro leitor, convido-lhe a buscar bem no fundo de sua memória uma situação onde você queria muito aprender algo... Eu me lembro como se fosse ontem, eu tinha uns 7 ou 8 anos e todos os meus amigos conseguiam andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio, menos eu. Chegou um momento em que tudo que eu mais queria era aprender a andar de bicicleta sem as rodinhas, meus pais sempre me levavam à um parque da cidade e lá eu treinava... era difícil mante o equilíbrio, mas meus pais sempre tentavam me ensinar. A vontade de aprender era tanta que quando eu percebi, estava andando sem as rodinhas, eu nunca havia sentido uma sensação tão boa em aprender algo.

Se você conseguiu pensar em algo que quis muito aprender, perceberá que não precisamos estar em um ambiente escolar ou educativo para aprender algo. A aprendizagem pertence ao aprendiz, é ele quem decide o que quer e o que não quer aprender. A aprendizagem é como um pacto, um acordo entre alguém que quer ensinar e outro que quer aprender.



Os contratos de aprendizagens na Educação deveriam ser assim, baseados no desejo em aprender algo novo. Os programas e vídeos educativos deveriam levar isso em consideração. Para rádio e TV, a lei brasileira diz para ser educativo, a produção deve visar a educação básica e superior e deve ainda estar de acordo com os objetivos nacionais que abrangem carácter recreativo, cultural pedagógico e informativo. Portanto no Brasil, a legislação existe apenas para programas que se “autodeclaram” educativos, mas não abrange produções feitas sem a intenção educativa.

No livro Castelo Rá tim bum: o educativo como entretenimento, Vânia Lucia Quintão Carneiro escreve que a finalidade educativa de uma situação seria determinada pelo receptor, diante de sua interpretação. Isso se comprova observarmos nossa vivência, sempre aprendemos alguma coisa com algo que não foi necessariamente feito para ser “educativo”.

Sou daqueles biólogos que odeiam documentários, talvez porque a linguagem dessas produções sejam quase idênticas à linguagem encontrada nas escolas. É recorrente ver professores dizendo “Os alunos só querem saber de celulares e vídeo games’’, fico me perguntando se os temas abordados na escola são tão desinteressantes assim, ou o problema estaria na forma em que as escolas abordam esses temas.

Grande parte das produções educativas são destinadas ao e-learning (EAD), as novas tecnologias surgiram como uma válvula de escape para recuperar o entusiasmo e o prazer em aprender, mas o que vemos são produções que lembram ou repetem as situações das aulas presenciais. Uma professora me dizia que precisávamos aprender a não separar o cognitivo do afetivo, é preciso desenvolver novas estratégias para o educativo, algo que aproxime a aprendizagem do aprendiz, algo que seja familiar.

De forma geral, precisamos pensar em uma educação libertadora no sentido de pensar, fazer e SENTIR.

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