No texto Holocausto Tecnológico comentei brevemente sobre o
caráter dos programas educativos, cheguei a comentar sobre as coisas que
aprendi com a série The Walking Dead. Neste artigo falarei um pouco mais sobre
o que chamamos de EDUCATIVO.
Caro leitor, convido-lhe a buscar bem no fundo de sua
memória uma situação onde você queria muito aprender algo... Eu me lembro como
se fosse ontem, eu tinha uns 7 ou 8 anos e todos os meus amigos conseguiam andar
de bicicleta sem as rodinhas de apoio, menos eu. Chegou um momento em que tudo
que eu mais queria era aprender a andar de bicicleta sem as rodinhas, meus pais
sempre me levavam à um parque da cidade e lá eu treinava... era difícil mante o
equilíbrio, mas meus pais sempre tentavam me ensinar. A vontade de aprender era
tanta que quando eu percebi, estava andando sem as rodinhas, eu nunca havia
sentido uma sensação tão boa em aprender algo.
Se você conseguiu pensar em algo que quis muito aprender,
perceberá que não precisamos estar em um ambiente escolar ou educativo para
aprender algo. A aprendizagem pertence ao aprendiz, é ele quem decide o que
quer e o que não quer aprender. A aprendizagem é como um pacto, um acordo entre
alguém que quer ensinar e outro que quer aprender.
Os contratos de aprendizagens na Educação deveriam ser
assim, baseados no desejo em aprender algo novo. Os programas e vídeos
educativos deveriam levar isso em consideração. Para rádio e TV, a lei brasileira
diz para ser educativo, a produção deve visar a educação básica e superior e
deve ainda estar de acordo com os objetivos nacionais que abrangem carácter
recreativo, cultural pedagógico e informativo. Portanto no Brasil, a legislação
existe apenas para programas que se “autodeclaram” educativos, mas não abrange
produções feitas sem a intenção educativa.
No livro Castelo Rá tim bum: o educativo como
entretenimento, Vânia Lucia Quintão Carneiro escreve que a finalidade educativa
de uma situação seria determinada pelo receptor, diante de sua interpretação.
Isso se comprova observarmos nossa vivência, sempre aprendemos alguma coisa com
algo que não foi necessariamente feito para ser “educativo”.
Sou daqueles biólogos que odeiam documentários, talvez
porque a linguagem dessas produções sejam quase idênticas à linguagem encontrada
nas escolas. É recorrente ver professores dizendo “Os alunos só querem saber de
celulares e vídeo games’’, fico me perguntando se os temas abordados na escola
são tão desinteressantes assim, ou o problema estaria na forma em que as escolas
abordam esses temas.
Grande parte das produções educativas são destinadas ao
e-learning (EAD), as novas tecnologias surgiram como uma válvula de escape para
recuperar o entusiasmo e o prazer em aprender, mas o que vemos são produções
que lembram ou repetem as situações das aulas presenciais. Uma professora me dizia
que precisávamos aprender a não separar o cognitivo do afetivo, é preciso desenvolver
novas estratégias para o educativo, algo que aproxime a aprendizagem do aprendiz,
algo que seja familiar.
De forma geral, precisamos pensar em uma educação
libertadora no sentido de pensar, fazer e SENTIR.

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